Nosso legado pessoal
Estudar Atos do Apóstolos, História da Igreja e História
das Missões Modernas, me fascina. É impressionante ver as variadas maneiras do
Espírito Santo capacitar e instruir seus servos. A forma como o poder e a
sabedoria Divina opera “não só no querer, como no efetuar” e, usa de “todos os
meios” para salvar muitos, me comove. Alguns crentes são ousados até o
martírio. Outros fogem para regiões distantes, evitando o martírio. Uns
realizam milagres e prodígios, outros apenas testemunham do evangelho ou
contribuem com seus bens. Apóstolos fazem viagens missionárias, bispos e
presbíteros cuidam da igreja local.
A história registra pessoas como Willian Carey e Hudson
Taylor, que deixaram o conforto de um país moderno e rico, para viverem rodeados
pela pobreza e enfermidades dos países asiáticos. Existem, também, pessoas como
Spurgeon e Moody, que embora não foram para o campo missionário transcultural,
procuraram fazer diferença em suas cidades.
A história não registra apenas os grandes nomes. As vezes
não registra nomes, mas apenas os fatos. Foi o que aconteceu em Antioquia. A
primeira igreja a criar um “departamento de missões”, foi fundada por “alguns
que fugiram após o martírio de Estevão...e alguns que eram de Chipre e Cirene
falavam aos gregos”, segundo o capítulo onze de Atos do Apóstolos.
Alguém sabe o nome dos primeiros missionários a chegar ao
Japão por volta do século XV? Os primeiros missionários a chegar nas Filipinas?
Quem evangelizou a África do Sul? Quem foram os primeiros missionários a chegar
no Brasil, no século XVI? Alguém sabe o nome dos crentes que morreram na
perseguição que houve na Índia em 2008 e 2009? A moria deles são anônimos.
Meu desejo neste artigo é fazer dois pedidos. O primeiro é
que se encerre em nossas igrejas o “culto aos artistas de púlpito”. Baseado no
comportamento de alguns crentes e algumas pregações que ouvi em alguns grandes
eventos, parece que só está fazendo a obra de Deus quem “aparece”. Algumas
canções nossas dizem que o crente para ser honrado vai estar no palco, no
outdoor, e o seu nome sendo destacado na mídia. Certo jornalista do Jornal O
Estado de São Paulo disse: “quando o repórter começa a pensar que ele
precisa se destacar, corre um grande perigo...a notícia é o destaque, ela
precisa estar em evidência...o repórter é apenas o transmissor, o canal”. Palavras
muito parecidas com as que encontro na Bíblia: “importa que Ele cresça e eu
diminua...trazemos o tesouro em vazos de barro...”.
O segundo, que é consequência do primeiro, é que deixemos
de julgar a dedicação de nossos irmãos. Não podemos estabelecer como medida de
desempenho as duas horas de culto que temos no domingo à noite ou a frequência
na escola dominical. Muitos visitam enfermos, levam cestas ou sacolas de
alimentos aos necessitados, contribuem com sustento de missionários no campo,
entre outras diversas coisas que fazem pelo Reino de Deus durante a semana.
Tudo isso em meio as atividades cotidianas como: cuidar de crianças, cuidar de
familiares enfermos, trabalhar, enfrentar o trânsito, estudar etc. Não estou
defendendo a não frequência nos trabalhos (sou um defensor da EBD, lecionando e
contribuindo há mais de 10 anos), mas reprovando quando dizem que: “quem não
vem não está fazendo nada ou não ama a obra de Deus”.
No mundo todo, crentes fiéis entram diariamente “na sala do
Trono de Deus” para orar por salvação de almas, estão convidando pessoas para
ouvir o evangelho, com seus recursos financeiros estão cooperando na manutenção
da obra. Enfim, dentro de suas capacidades e do chamado Divino, cumprindo o
ministério para o qual foram chamados.
A história da igreja, não a que está registrada aqui na
Terra, mas no Livro de Deus, é composta por atitudes de pessoas comuns, que não
se importam em ter seus nomes na lista dos melhores feita pelos homens. Esses
se importam em agradar e viver para Deus.
Eu sei o legado que estou deixando, não nos
registros oficiais, mas para minha esposa e filhos, para as pessoas que estão
ao meu redor e para obra missionária, contribuindo com aquilo que Deus me dá
condições.
Não espere o Espírito Santo colocar você em destaque para
fazer algo. Use as 24 horas do seu dia para viver para o Reino. Não se importe
com “os olhos” aqui da Terra, importe-se com os olhos de Deus.
Que legado você está deixando?
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