sábado, 23 de fevereiro de 2013


Nosso legado pessoal

Estudar Atos do Apóstolos, História da Igreja e História das Missões Modernas, me fascina. É impressionante ver as variadas maneiras do Espírito Santo capacitar e instruir seus servos. A forma como o poder e a sabedoria Divina opera “não só no querer, como no efetuar” e, usa de “todos os meios” para salvar muitos, me comove. Alguns crentes são ousados até o martírio. Outros fogem para regiões distantes, evitando o martírio. Uns realizam milagres e prodígios, outros apenas testemunham do evangelho ou contribuem com seus bens. Apóstolos fazem viagens missionárias, bispos e presbíteros cuidam da igreja local.

A história registra pessoas como Willian Carey e Hudson Taylor, que deixaram o conforto de um país moderno e rico, para viverem rodeados pela pobreza e enfermidades dos países asiáticos. Existem, também, pessoas como Spurgeon e Moody, que embora não foram para o campo missionário transcultural, procuraram fazer diferença em suas cidades.

A história não registra apenas os grandes nomes. As vezes não registra nomes, mas apenas os fatos. Foi o que aconteceu em Antioquia. A primeira igreja a criar um “departamento de missões”, foi fundada por “alguns que fugiram após o martírio de Estevão...e alguns que eram de Chipre e Cirene falavam aos gregos”, segundo o capítulo onze de Atos do Apóstolos.

Alguém sabe o nome dos primeiros missionários a chegar ao Japão por volta do século XV? Os primeiros missionários a chegar nas Filipinas? Quem evangelizou a África do Sul? Quem foram os primeiros missionários a chegar no Brasil, no século XVI? Alguém sabe o nome dos crentes que morreram na perseguição que houve na Índia em 2008 e 2009? A moria deles são anônimos.

Meu desejo neste artigo é fazer dois pedidos. O primeiro é que se encerre em nossas igrejas o “culto aos artistas de púlpito”. Baseado no comportamento de alguns crentes e algumas pregações que ouvi em alguns grandes eventos, parece que só está fazendo a obra de Deus quem “aparece”. Algumas canções nossas dizem que o crente para ser honrado vai estar no palco, no outdoor, e o seu nome sendo destacado na mídia. Certo jornalista do Jornal O Estado de São Paulo disse: “quando o repórter começa a pensar que ele precisa se destacar, corre um grande perigo...a notícia é o destaque, ela precisa estar em evidência...o repórter é apenas o transmissor, o canal”. Palavras muito parecidas com as que encontro na Bíblia: “importa que Ele cresça e eu diminua...trazemos o tesouro em vazos de barro...”.

O segundo, que é consequência do primeiro, é que deixemos de julgar a dedicação de nossos irmãos. Não podemos estabelecer como medida de desempenho as duas horas de culto que temos no domingo à noite ou a frequência na escola dominical. Muitos visitam enfermos, levam cestas ou sacolas de alimentos aos necessitados, contribuem com sustento de missionários no campo, entre outras diversas coisas que fazem pelo Reino de Deus durante a semana. Tudo isso em meio as atividades cotidianas como: cuidar de crianças, cuidar de familiares enfermos, trabalhar, enfrentar o trânsito, estudar etc. Não estou defendendo a não frequência nos trabalhos (sou um defensor da EBD, lecionando e contribuindo há mais de 10 anos), mas reprovando quando dizem que: “quem não vem não está fazendo nada ou não ama a obra de Deus”.

No mundo todo, crentes fiéis entram diariamente “na sala do Trono de Deus” para orar por salvação de almas, estão convidando pessoas para ouvir o evangelho, com seus recursos financeiros estão cooperando na manutenção da obra. Enfim, dentro de suas capacidades e do chamado Divino, cumprindo o ministério para o qual foram chamados.



A história da igreja, não a que está registrada aqui na Terra, mas no Livro de Deus, é composta por atitudes de pessoas comuns, que não se importam em ter seus nomes na lista dos melhores feita pelos homens. Esses se importam em agradar e viver para Deus.

Eu sei o legado que estou deixando, não nos registros oficiais, mas para minha esposa e filhos, para as pessoas que estão ao meu redor e para obra missionária, contribuindo com aquilo que Deus me dá condições.

Não espere o Espírito Santo colocar você em destaque para fazer algo. Use as 24 horas do seu dia para viver para o Reino. Não se importe com “os olhos” aqui da Terra, importe-se com os olhos de Deus.

Que legado você está deixando?

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