sábado, 23 de fevereiro de 2013




Nós não podemos medir, nem se quer imaginar, a condição de vida de muitas crianças na África!

Fomos impedidos de pregar a palavra

A obra missionária não pode ser feita de forma aleatória. Mesmo na era apostólica, a pregação da palavra era feita com planejamento. Paulo costumava planejar o roteiro de suas viagens. Contudo, encontramos registrado no livro de Atos dos Apóstolos a seguinte frase: tendo sido impedidos de pregar a palavra pelo Espírito Santo na Ásia...tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não permitiu".

Me incomoda grandemente a filosofia de que devemos acatar sem questionar ou discutir, todas decisões de um líder ou pastor. Não por desejo de formar rebelião ou ser insubmisso. Mas, por saber que em vários momentos da história bíblica, pessoas cheias do Espírito Santo fizeram projetos que não estavam de acordo com Deus. Pelo menos naquele momento não. E, também, por ver que alguns projetos não visam glorificar o Reino de Deus, mas o reino dos homens.

No texto acima, Jesus precisou mudar a rota de Paulo, para cumprir prioridades. Por qual motivo Jesus impediria seus servos pregarem a palavra? Por que Paulo não recebeu uma revelação antes de colocar no seu coração o propósito de pregar nessas regiões? Provavelmente nunca saberemos. Porém, podemos tomar o exemplo para nosso projetos na igreja atual.

Quantos projetos nossos não foram frustrados por não estar de acordo com a vontade de Deus? Unção, chamado e autoridade, não são garantia de que tudo que almejamos, mesmo para o Reino, será realizado conforme nosso planejamento. Ser pastor e líder, não significa ser infalível.

Acredito que todos os líderes deveriam comunicar com seus companheiros, antes de estabelecer qualquer meta de trabalho. Reconhecer que o Espírito Santo também habita sobre eles, e podem receber inspiração e revelação de Deus sobre qualquer assunto.  Isso não diminui autoridade, ao contrário, serve como motivação para os companheiros se dedicarem por algo que ajudaram elaborar.

ÉTICA  EM MISSÕES

      O propósito deste estudo é apresentar alguns conceitos considerados como conduta ideal para os cristãos, e enfatizar o comportamento dos obreiros, qualquer que seja o cargo, no tocante a missões. Geralmente em uma congregação os obreiros representam a saúde e a qualidade dela perante a sociedade. Embora esse não seja o ideal, porque a igreja (organismo) é um corpo em Cristo e todos devem refletir igualmente a luz do Senhor.

     A palavra “ética” deriva do termo “ethos” do idioma grego e significa costume ou hábito. A ética é uma ciência que estuda os hábitos e a conduta, classificando os que são ideais na convivência humana. Cada cultura mantém seus padrões éticos, costumes e normas de conduta, que mesmo não escritos, são praticados por toda população (exemplo: no Brasil se diz "saúde" a pessoa que espirra). Há outros tipos de comportamentos que para nós são comuns, mas que em outras culturas pode ser um erro grave (estender a mão para cumprimentar uma mulher, pode ser uma grande ofensa em alguns países).

     Quando falamos de ética em missões, envolvemos, em primeiro lugar, as escrituras sagradas e Cristo, pois são eles que determinam o que é correto ou incorreto na conduta do salvo. Essa conduta só é proveitosa quando feita com o poder do Espírito Santo, mediante o novo nascimento que cria outra realidade de vida na luz (I João 1.7). Caso contrário, é religiosidade hipócrita, de aparência exterior, sem vida real.

    Segundo lugar, como foi dito acima, nem tudo está escrito. Para conquistarmos respeito e acesso à outra cultura, precisamos entender sua realidade, sua maneira de pensar. Segundo Eugene Nida, duas missionárias perderam a moral perante seus vizinhos porque bebiam suco de limão pela manhã, que na cultura deles, era afrodizíaco e anticoncepcional.

    Terceiro lugar, um erro comum em missões é a acepção de pessoas. Esta atitude não é só antiética como é pecado. Ela pode ser manifesta por vários motivos: racismo, classe social e condições financeiras, nível de formação escolar, religiosidade, entre outros. Divisões e contendas acorrem pelos mesmos motivos e pela ganância ou orgulho. São obras da carne, portanto, contrária a vontade de Deus.

     Para encerrar, desejo lembrar que Jesus disse que o maior mandamento é o amor: á Deus e ao próximo. A ética guia nossa conduta em relação ao próximo (incluindo os “inimigos”). Logo entendemos que no contexto cristão, a observância de hábitos ou condutas deve ser regida pelo amor.

Reino de Deus ou Reino dos Homens?

Qual tem sido nosso propósito nas atividades, eventos e mobilizações que fazemos?

Por que a pergunta?

A obra missionária transcultural, tem sido tema de vários tipos de congressos, tipo: “O ano da colheita além das fronteiras, Brasil um celeiro para o mundo, Preparando obreiros para seara”. Contudo, as estatísticas dos resultados desses congressos são pouco relevantes para missões. Poucos mudam a maneira de trabalhar e contribuir pelo crescimento de missões no exterior. Por quê?

Primeiro nossa ênfase tem sido no nome do pregador convidado (para chamar público), e as ofertas que são recolhidas servem apenas para pagar despesas, e dependendo do cachê, são muito altas!
Segundo que alguns desses pregadores não tem experiência em missões, não prega sobre missões, não está envolvido em missões e não explora o tema para o qual foi solicitado. Fica difícil alguém se interessar por algo que não recebeu orientação.
Por último, nosso cotidiano da igreja local não apresenta base para criar a estrutura da proposta missionária que apresentamos em um congresso.

Logo, acabamos por realizar eventos que só engrandecem o nome de obreiros e ministérios, sem produzir os resultados propostos nos temas.

Volto para questão do topo da página: qual reino estamos focalizando?Qual reino pretendemos tornar conhecido, o nosso (ministério, editora, setor) ou o de Deus? Que nome desejamos destacar, o do pastor ou evangelista, ou o de Jesus Cristo?

Minha proposta nesse artigo é orientar os mobilizadores e organizadores de eventos com temas missionários, a realizar trabalhos com mais seriedade e foco.
Quando eu digo seriedade e foco, me refiro a visão de empreender um trabalho com objetivos concretos de investimento e colocação de contingente.

Um bom começo, é se informar sobre quais instituições mantém obreiros no exterior e quais são os valores para sustento. Pode-se, também, contribuir com as despesas de envio de famílias ao campo (passagem, visto etc).
Quanto ao treinamento de voluntários, no Brasil existem muitas escolas de missões, com competência reconhecida mundialmente, para se enviar pessoas com chamado para missões transculturais.
Se essas iniciativas vierem seguidas da formação de um departamento de missões, para administrar as informações, cuidar de registros e estabelecer contato periódico, os resultados serão mais relevantes.

Se a produção do evento for baseada em dados e alvos concretos, os nomes das pessoas serão apenas um detalhe, porque quando o Reino de Deus está realmente sendo focalizado, os resultados são garantidos pela operação do Espírito Santo.

“O Espírito Santo cooperava com eles...e eram acrescentados a igreja aqueles que eram salvos”.

Estamos fazendo isso certo?

Conheci Calcutá, na Índia, lugar de pobreza, morte e problemas irremediáveis. Lá, as freiras treinadas por Madre Tereza servem às pessoas mais pobres e miseráveis do planeta: moribundos recolhidos das ruas de Calcutá. O mundo fica boquiaberto diante da dedicação das irmãs e dos resultados desse ministério, mas essas freiras têm uma coisa que me impressiona ainda mais: serenidade.

Se enfrentasse um projeto tão assustador como esse, provavelmente ficaria correndo de um lado para outro, enviando fax para doadores, implorando por mais recursos, tomando tranqüilizantes, agarrando-me a tudo que diminuísse meu desespero crescente. Mas não essas freiras.

A serenidade delas procede do que acontece antes do seu dia de trabalho começar. Às quatro horas da manhã, muito antes do nascer do Sol, as irmãs levantam-se, acordadas por um sino e pelo chamado: "vamos bendizer ao Senhor". "Graças sejam dadas a Deus", elas respondem. Vestidas com saris imaculadamente brancos, elas lotam a capela, onde se assentam no chão, à moda indiana, oram e cantam juntas. Na parede da capela simples há um crucifixo com a inscrição: "tenho sede". Antes de encontrarem seu primeiro "cliente", elas se entregam ao culto e ao amor de Deus.

Não vejo pânico nas irmãs que dirigem o Lar dos Moribundos e Destituídos de Calcutá. Vejo preocupação e compaixão, mas não obsessão pelo que precisa ser feito. Na realidade, logo no início de seu trabalho, Madre Tereza instituiu a regra de que suas irmãs reservem as quintas-feiras para oração e descanso. "Trabalho sempre existirá, mas, se não descansarmos e orarmos, não teremos condições de executá-lo", explicou.

As irmãs não estão trabalhando para cumprir uma folha cheia de consultas agendadas em uma agência do serviço social. Estão trabalhando para Deus. Começam o dia com ele e terminam o dia com ele, retornando à capela para as orações da noite; e tudo o que acontece entre os dois momentos elas apresentam como oferta a Deus. Apenas Deus determina seu valor e mede seu sucesso.

(Phillip Yancey - O Deus Invisível - Editora Vida)

Nosso legado pessoal

Estudar Atos do Apóstolos, História da Igreja e História das Missões Modernas, me fascina. É impressionante ver as variadas maneiras do Espírito Santo capacitar e instruir seus servos. A forma como o poder e a sabedoria Divina opera “não só no querer, como no efetuar” e, usa de “todos os meios” para salvar muitos, me comove. Alguns crentes são ousados até o martírio. Outros fogem para regiões distantes, evitando o martírio. Uns realizam milagres e prodígios, outros apenas testemunham do evangelho ou contribuem com seus bens. Apóstolos fazem viagens missionárias, bispos e presbíteros cuidam da igreja local.

A história registra pessoas como Willian Carey e Hudson Taylor, que deixaram o conforto de um país moderno e rico, para viverem rodeados pela pobreza e enfermidades dos países asiáticos. Existem, também, pessoas como Spurgeon e Moody, que embora não foram para o campo missionário transcultural, procuraram fazer diferença em suas cidades.

A história não registra apenas os grandes nomes. As vezes não registra nomes, mas apenas os fatos. Foi o que aconteceu em Antioquia. A primeira igreja a criar um “departamento de missões”, foi fundada por “alguns que fugiram após o martírio de Estevão...e alguns que eram de Chipre e Cirene falavam aos gregos”, segundo o capítulo onze de Atos do Apóstolos.

Alguém sabe o nome dos primeiros missionários a chegar ao Japão por volta do século XV? Os primeiros missionários a chegar nas Filipinas? Quem evangelizou a África do Sul? Quem foram os primeiros missionários a chegar no Brasil, no século XVI? Alguém sabe o nome dos crentes que morreram na perseguição que houve na Índia em 2008 e 2009? A moria deles são anônimos.

Meu desejo neste artigo é fazer dois pedidos. O primeiro é que se encerre em nossas igrejas o “culto aos artistas de púlpito”. Baseado no comportamento de alguns crentes e algumas pregações que ouvi em alguns grandes eventos, parece que só está fazendo a obra de Deus quem “aparece”. Algumas canções nossas dizem que o crente para ser honrado vai estar no palco, no outdoor, e o seu nome sendo destacado na mídia. Certo jornalista do Jornal O Estado de São Paulo disse: “quando o repórter começa a pensar que ele precisa se destacar, corre um grande perigo...a notícia é o destaque, ela precisa estar em evidência...o repórter é apenas o transmissor, o canal”. Palavras muito parecidas com as que encontro na Bíblia: “importa que Ele cresça e eu diminua...trazemos o tesouro em vazos de barro...”.

O segundo, que é consequência do primeiro, é que deixemos de julgar a dedicação de nossos irmãos. Não podemos estabelecer como medida de desempenho as duas horas de culto que temos no domingo à noite ou a frequência na escola dominical. Muitos visitam enfermos, levam cestas ou sacolas de alimentos aos necessitados, contribuem com sustento de missionários no campo, entre outras diversas coisas que fazem pelo Reino de Deus durante a semana. Tudo isso em meio as atividades cotidianas como: cuidar de crianças, cuidar de familiares enfermos, trabalhar, enfrentar o trânsito, estudar etc. Não estou defendendo a não frequência nos trabalhos (sou um defensor da EBD, lecionando e contribuindo há mais de 10 anos), mas reprovando quando dizem que: “quem não vem não está fazendo nada ou não ama a obra de Deus”.

No mundo todo, crentes fiéis entram diariamente “na sala do Trono de Deus” para orar por salvação de almas, estão convidando pessoas para ouvir o evangelho, com seus recursos financeiros estão cooperando na manutenção da obra. Enfim, dentro de suas capacidades e do chamado Divino, cumprindo o ministério para o qual foram chamados.



A história da igreja, não a que está registrada aqui na Terra, mas no Livro de Deus, é composta por atitudes de pessoas comuns, que não se importam em ter seus nomes na lista dos melhores feita pelos homens. Esses se importam em agradar e viver para Deus.

Eu sei o legado que estou deixando, não nos registros oficiais, mas para minha esposa e filhos, para as pessoas que estão ao meu redor e para obra missionária, contribuindo com aquilo que Deus me dá condições.

Não espere o Espírito Santo colocar você em destaque para fazer algo. Use as 24 horas do seu dia para viver para o Reino. Não se importe com “os olhos” aqui da Terra, importe-se com os olhos de Deus.

Que legado você está deixando?