sábado, 23 de fevereiro de 2013


Estamos fazendo isso certo?

Conheci Calcutá, na Índia, lugar de pobreza, morte e problemas irremediáveis. Lá, as freiras treinadas por Madre Tereza servem às pessoas mais pobres e miseráveis do planeta: moribundos recolhidos das ruas de Calcutá. O mundo fica boquiaberto diante da dedicação das irmãs e dos resultados desse ministério, mas essas freiras têm uma coisa que me impressiona ainda mais: serenidade.

Se enfrentasse um projeto tão assustador como esse, provavelmente ficaria correndo de um lado para outro, enviando fax para doadores, implorando por mais recursos, tomando tranqüilizantes, agarrando-me a tudo que diminuísse meu desespero crescente. Mas não essas freiras.

A serenidade delas procede do que acontece antes do seu dia de trabalho começar. Às quatro horas da manhã, muito antes do nascer do Sol, as irmãs levantam-se, acordadas por um sino e pelo chamado: "vamos bendizer ao Senhor". "Graças sejam dadas a Deus", elas respondem. Vestidas com saris imaculadamente brancos, elas lotam a capela, onde se assentam no chão, à moda indiana, oram e cantam juntas. Na parede da capela simples há um crucifixo com a inscrição: "tenho sede". Antes de encontrarem seu primeiro "cliente", elas se entregam ao culto e ao amor de Deus.

Não vejo pânico nas irmãs que dirigem o Lar dos Moribundos e Destituídos de Calcutá. Vejo preocupação e compaixão, mas não obsessão pelo que precisa ser feito. Na realidade, logo no início de seu trabalho, Madre Tereza instituiu a regra de que suas irmãs reservem as quintas-feiras para oração e descanso. "Trabalho sempre existirá, mas, se não descansarmos e orarmos, não teremos condições de executá-lo", explicou.

As irmãs não estão trabalhando para cumprir uma folha cheia de consultas agendadas em uma agência do serviço social. Estão trabalhando para Deus. Começam o dia com ele e terminam o dia com ele, retornando à capela para as orações da noite; e tudo o que acontece entre os dois momentos elas apresentam como oferta a Deus. Apenas Deus determina seu valor e mede seu sucesso.

(Phillip Yancey - O Deus Invisível - Editora Vida)

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