terça-feira, 23 de agosto de 2011

Costumes e Culturas


“Não me envergonho do evangelho de Cristo Jesus,

Porque ele é salvação para todo aquele que crê, tanto judeu, como grego”.

Apóstolo Paulo
 

     Um dos grandes problemas da sociedade é o preconceito racial ou cultural. Infelizmente, no seio da igreja existem pessoas que alimentam esse sentimento, e isso tem gerado perdas e danos para o evangelho. A própria história da igreja está “manchada”, desde a era dos apóstolos, por preconceito em vários níveis.

     O preconceito nas igrejas é gerado por diversos fatores, mas destacamos apenas 2 deles (considero que ambos são intoleráveis na igreja de Jesus):

1.    Falta de conhecimento bíblico e do evangelho – com uma leitura atenciosa dos evangelhos e das cartas dos apóstolos, é impossível não descobrir que o racismo é condenado do Deus.

2.    Consideramos a cultura do nosso país ou região superior a dos outros – seja por orgulho ou ignorância, esse conceito mostra a falta de amor e informação que temos sobre o mundo que Deus ama.
     Para termos uma compreensão melhor sobre costumes e culturas no âmbito missionário e missiológico, vamos estudar alguns conceitos e comportamentos, baseados nas escrituras sagradas e nas orientações de confiáveis e experientes professores de missões transculturais.


Nenhuma cultura ou costume criado pelo homem oferece vantagens diante do evangelho – com exceção dos maus costumes (práticas condenadas pela bíblia) que trazem prejuízo espiritual, salvação e santificação são atributos do poder da graça e da palavra, não de tradições humanas, ou estilo denominacional – esse conceito foi pregado por Jesus e Paulo deixou bem claro quando escreveu: Colossenses 2.20-23 e Gálatas 3.10-14.
 

O evangelho é universal, a cultura e o costume não – os cristãos primitivos enfrentaram problemas com os judeus que queriam estabelecer normas do seu povo sobre os novos convertidos gentios. Após uma reunião com os principais líderes, que haviam estado com Jesus (Tiago, João e Pedro) e Paulo e seus companheiros, foi decidido não aceitar as limitações impostas pelos judeus, e Paulo descreve bem o que faz parte do evangelho e o que é humano. Confira: I Coríntios 8.1-13 Colossenses 2.8, 16-17; 3.5-11/ Gálatas 2.2-10, 19-21
    
       A própria encarnação do Verbo é uma contextualização para comunicar o evangelho: “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. Jesus, através do exemplo, mostrou como se deve contextualizar e ignorar as barreiras culturais por amor do evangelho (João 4/ Lucas 10). A bíblia é uma contextualização de Deus, que usa palavras humanas para expressar sua vontade.


     Além dos conceitos e referências bíblicas mencionados, encontramos várias outras referências (confira: Gênesis 12.2-3/ Isaías 11.10; 42.1; 53.10-11; 56.3-7/ João 17.20-21 Salmo 22.27-31) que mostram o plano de Deus estendido aos que não eram do povo de Israel, os gentios, isto é, nós que pertencemos às nações que “não era povo de Deus, mas foi feito povo seu e ovelhas do seu pasto”.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Feliz é aquele que encontra a Verdade


Não farás para ti imagens... nem se prostrarás... nem darás culto...”


Que é idolatria? Sei que há muitas respostas e também muitas dúvidas sobre o assunto. De forma simples, idolatria é prestar culto ou devoção a um ídolo. Só há um Deus verdadeiro. Portanto, os demais são ídolos.
 
Existe, porém, a possibilidade de aplicarmos o termo ao coração humano e afirmarmos que idolatria é prestar culto a qualquer coisa além do verdadeiro Deus. Este prestar culto pode ser consciente (religião, filosofia) ou inconsciente (orgulho, vaidades, paixão, amor), isto é, pode ser uma devoção à alguma divindade ou crença religiosa ou extrema devoção a algo que se gosta, por exemplo, um grupo musical, dinheiro etc. Contudo, eu acredito que a intenção de Deus é mais profunda do que parece.
 
Enquanto Moisés estava na montanha com Deus, o povo fundiu um bezerro de ouro, edificou um altar e começou a cultuá-lo. Quais foram os argumentos usados para justificar a necessidade do ídolo?


“Já faz muito tempo que Moisés está lá. Não sabemos se está vivo ou morto.

Façamos então um deus para cultuar.”


Você consegue identificar a origem da necessidade de um ídolo?

O ídolo é uma falsa percepção de quem é Deus. Em muitas culturas as pessoas “cultuam” ao Deus verdadeiro sem conhecê-lo. Há um episódio em Atos dos apóstolos que mostra Paulo encontrando um altar ao “Deus desconhecido”. O espaço não nos permite citar mais exemplos.


Até o momento, o assunto estava passando longe do nosso contexto de vida. Porém, vamos identificar os perigos que “rondam” a vida dos evangélicos. Embora sem estátuas, temos estabelecido, dentro da igreja, coisas não-bíblicas como essenciais ao culto. Você consegue identificá-las?

Na carta aos Hebreus está escrito que devemos viver pela fé! A fé naquilo que não vemos! Logo, qual era o propósito de Deus quando disse não farás imagens? Existem grandes prejuízos espirituais para aqueles que não observam este mandamento. Quais são?

Para que possamos entender os propósitos de Deus, precisamos meditar no tipo de culto temos realizado. As questões abaixo vão orientar você.


·         Quais são os elementos principais de um culto?

·         Minha disposição para cultuar a Deus é mesma em qualquer culto?

·         Que estímulo eu preciso receber para exercitar a fé?

·         Posso cultuar a Deus fora do templo?

·         Por que Israel em toda sua história registrada na bíblia (com exceção de alguns casos), não conseguiu obedecer este mandamento?


Deixo você livre para tirar suas próprias conclusões.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O chamado divino em contraste com as fraquesas humanas

     Somos tendenciosos a apresentar desculpas, desanimar, sentir medo, fugir de responsabilidades, entre outras maneiras de encarar negativamente o chamado divino para realizar algo em seu Nome. No diálogo entre Deus e Moisés no Monte Horebe, existem todos esses elementos, e foram proferidos por uma pessoa que já nasceu com o chamado divino.
     Contudo, suas expressões negativas diante da proposta divina, não bloquearam o desejo e os propósitos de Deus sobre sua vida, o que mostra não só sua soberania, como sua graça.
     Igualmente, o chamado envolve objetivos que precisam ser realizados. É óbvio que hoje encontraremos outras passagens bíblicas dizendo que se rejeitarmos o chamado, Deus levanta outra pessoa para realizar. Porém, esta é questão cerne do diálogo: Moisés realmente rejeitou o chamado, ou estava apenas mostrando suas fraquezas humanas, para receber uma declaração concreta da parte de Deus?
     Moisés é um dos principais personagens da história bíblica e serve de exemplo para qualquer obreiro, que mesmo diante de suas fraquezas e dúvidas, tem um chamado divino.

Primeiro lugar – não sou alguém importante ou poderoso. Moisés faz a declaração padrão de quase todos que vieram depois dele: “quem sou eu para fazer isso?”. O chamado divino não está na condição ou capacidade humana de poder realizar os objetivos apresentados. A obra proposta não é iniciativa humana, mas divina. Quando Deus chama alguém é porque viu qualidades, que só Ele pode ver, e não capacidade.

Segundo lugar – eu tenho certeza, mas como vou provar que fui chamado. Deus fez uma declaração positiva de que estaria com Moisés, pois ele não poderia realizar tão grande feito sozinho. Agora ele tem um problema: a provável rejeição ou desconfiança do povo (será que vão acreditar em mim? Como vou provar que Deus falou comigo?). Diante do medo de Moisés, Deus o capacita com poder sobrenatural para realizar sinais. Parafraseando: o poder que recebemos para ser prósperos, cumprir, acabar a obra que iniciamos, ou declaramos ter sido dirigidos por Deus.

Terceiro lugar – insistência em achar alguma capacidade humana para realizar cumprir o chamado divino. Moisés ainda estava insatisfeito com as declarações de Deus, e insiste em fugir da responsabilidade, por não se achar uma pessoa eloqüente. Novamente, a graça divina se manifesta com outra declaração positiva: Ao que lhe replicou o Senhor: Quem faz a boca do homem? ou quem faz o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor? Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar”.


     Interessante que Moisés continua dando desculpas e temeroso, ouvindo a poderosa voz e vendo uma manifestação sobrenatural de Deus. Imagine os obreiros do século XXI que dependem apenas das escrituras e de um ardente desejo de realizar a obra? Sem visão sobrenatural, sem fogo, sem voz audível! A situação se torna mais complicada que a de Moisés.

     Na próxima declaração de Moisés, fica difícil de entender o que ele pretendia com Deus. Ou esperava receber e sentir seus dedos “soltando raios” para tomar coragem, ou realmente não estava interessado em servir ao Senhor: “Ele, porém, respondeu: Ah, Senhor! Envia, peço-te, por mão daquele a quem tu hás de enviar”.

     É absurdo! E Deus também considerava isso, tanto que o texto diz que Ele se irou contra Moisés. Como pode um homem ser tão negativo diante da “face” do próprio Deus?! Como definir o motivo de tal declaração diante de Deus?

Que podemos concluir diante desse exemplo de Moisés?


     Se por compulsão ou não, Moisés cumpriu o chamado de Deus. Se o prazer em servir veio só após o envolvimento com o povo e a obra, não podemos saber. O escritor da Carta aos Hebreus diz que ele foi fiel em toda obra de Deus. E os livros de Êxodo, Números e Deuteronômio, nos mostram toda sua devoção.

     Ele nos deixou um legado, e Deus o mandou registrar como exemplo da manifestação de sua graça e bondade, no relacionamento com seus servos. Esse diálogo mostra que fraquezas e medos não nos impedem de ser instrumentos na mão de Deus, pois Ele pode lançar fora toda insegurança com sua palavra. A grande lição que eu guardo, é que Deus entrega grandes responsabilidades a pessoas simples e normais, pois como Marcos escreveu: “o Espírito Santo coopera com eles”.

     O conselho que eu deixo aos obreiros é: Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe o teu vinho com coração contente; pois antecipadamente Deus se agrada das tuas obras. Sejam sempre alvas as tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça. Goza a vida com a mulher que amas...Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças”.

Evangelho


     Fico inconformado com a maneira como invertemos os papéis no evangelho, isto é, na obra de Deus. Primeiro queremos que o Espírito Santo conduza as pessoas para ouvir a pregação no templo, sendo que a bíblia diz que nós devemos levar o evangelho a elas. Depois queremos transformar o coração das pessoas, convencê-las do pecado, sendo que a bíblia diz que isso é obra do Espírito Santo.

     Muitos vão alegar que ouviram testemunho de alguém que teve uma visão, ou sentiu vontade de procurar uma igreja. Porém, não podemos generalizar ou criar uma doutrina a partir de um testemunho, pois do contrário, não haveria necessidade de bíblia.

     Outros poderão citar Atos 2.47, mas o contexto prova que o evangelho estava sendo ensinado e pregado com sinais e maravilhas. Acredito que está na hora de revermos nossa teologia e metodologia.

     Poderia afirmar que Paulo foi o maior teólogo do cristianismo, e em todos seus escritos afirma a dedicação na propagação do evangelho e no contexto do versículo acima citado, ele afirma que o evangelho foi pregado em toda parte, mesmo que muitos não deram crédito, principalmente os judeus.

     Existem dezenas de outras referências nos evangelhos e nas cartas dos outros apóstolos convocando os discípulos de Cristo a anunciarem o evangelho.

     Quando eu digo “anunciar”, estou me referindo ao testemunho que devemos dar do que recebemos, cremos, esperamos, ouvimos e vimos de Deus, aos nossos familiares, vizinhos, colegas de trabalho ou da escola.

     Aqui no Brasil tive a infelicidade de ver alguns colegas morrerem sem a salvação de Cristo, mesmo após minha insistente pregação. Contudo, tive o prazer de ver alguns se convertendo e firmando os passos no evangelho.

     Quando estive no Japão, tive oportunidade de evangelizar japoneses, filipinos, brasileiros e peruanos. Não sei quantos foram, onde estão e como estão, mas sei que a semente do Reino foi lançada, e alguém regou, ou vai regar, e Deus deu ou dará o crescimento.

     Temos o costume de passar receita de bolo, comunicar um evento, comemorar o gol da seleção de futebol, com tanta empolgação, por que para falar sobre nossa salvação e fé é tão complicado?